Religião e Sociedade Saúde, fé e dignidade humana I

Saúde, fé e dignidade humana (parte I).

                                             Ah, meu senhor, a dor do irmão é a tua cruz!

                                            Sê nossa força, nossa luz e salvação! (Cf.                

                                            Sl. 27,1). Queremos será aquele toque, meu

                                            Jesus, (Cf. Mc. 5,20-34), Que traz saúde

                                            pro doente, nosso irmão!

         A dignidade da pessoa humana está para além das aparências. Quando encontramos uma pessoa, mesmo que nossos olhos a observem dos pés à cabeça, nossas conclusões devem ultrapassar os estereótipos observados. A observação que fazemos das pessoas deverá nos conduzir a algo maior: a sua dignidade enquanto ser humano. É nisto que se encontra toda a motivação para o respeito e consideração pela mulher e pelo homem.

         Com a fé cristã aprendemos a colocar a dignidade do ser humano na sua filiação divina, ser imagem e semelhança de Deus e no ser templo, morada do Espírito Santo. O ser humano não é somente um pedaço de carne ambulante. É um ser animado pelo Espírito Divino e por isso, também, sua natureza ultrapassa a exterioridade que enxergamos. Nós somos muito mais do que nos enxergamos. E Jesus com sua prática de acolhida e atenção às pessoas nos ajuda a perceber o ser humano além da sua aparência física degradante, humilhante. “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo para confundir as desprezíveis, e as coisas que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele!” (I Cor. 1, 18 – 19).

         Refletindo sobre a saúde relacionada à fé e à dignidade humana, ficamos incomodados diante da atual situação da saúde pública no Brasil: “Quanta espera, desde as frias madrugadas, pelo remédio para aliviar a dor. Este é teu povo, em longas filas nas calçadas a mendigar pela saúde... Quanta gente que ao chegar aos hospitais, fica a sofrer sem leito e sem medicamento... a gente não suporta mais [ver] filho de Deus com esse indigno tratamento.” Tal realidade nos aponta para as situações de corrupção e desvios de medicamentos e verbas destinadas à saúde. O que fazer e como fazê-lo para melhorar este e outros quadros de despreocupações com a saúde pública? Que atitudes nossas comunidades poderão tomar a partir de sua fé e a partir da prática de Jesus relacionada aos doentes?

         Temos um zelo especial pelas coisas de Deus nas nossas comunidades. Cuidamos e zelamos dos altares, dos vãos sagrados, das toalhas do altar e das roupas dos ministros. Será que cuidamos com igual zelo das pessoas que conhecemos e que sofrem enfermas ou estão prostradas pelos problemas da vida? Frente a estas perguntas resta-nos ora a Deus com as palavras da Campanha da Fraternidade /2012: “Senhor Deus de amor, Pai de Bondade, nós vos louvamos e agradecemos pelo dom da vida, pelo amor com que cuidais de toda a criação. Vosso Filho Jesus Cristo, em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos e de todos os sofredores, sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude. Enviai-nos, senhor, o Vosso Espírito. Guiai a vossa Igreja, para que ela, [motivada] pela conversão, se faça sempre mais solidária às dores e enfermidades do ovo, e que a saúde se difunda sobre a terra. Amém!”