Bíblia e sociedade: caminhada de fé no compromisso social.

07-09-2011 14:02

         O mês da Bíblia se descortina para os cristãos católicos brasileiros e de outras confissões cristãs. Inicialmente, este mês era celebrado somente na arquidiocese de Belo Horizonte – MG. Sua origem se deu por iniciativa e organização das irmãs Paulinas e do Pe. Antônio Gonçalves com a colaboração de leigos e leigas, em 1971, quando do aniversário de 50 anos de fundação da mesma arquidiocese. Posteriormente, o projeto de gosto e desejo de se estudar e orar a Palavra de Deus foi se ampliando até que chegamos ao modelo atual de um mês da Bíblia. É daí que outras dioceses entraram no mesmo ritmo e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 1985, ampliou tal projeto para todo o Brasil e alguns países da América Latina. A cada ano as propostas de estudo da Palavra de Deus se tornam mais próximas das comunidades com referência à caminhada do Povo de Deus e suas lutas comunitárias. Nesse ano de 2011, completam-se 40 anos da edição desta celebração anual e já na maioridade, o mês da Bíblia nos propõe sua reflexão a partir do livro do Êxodo, livro que sustenta a fé e garante a luta das comunidades em tempo de esfriamento e indecisões eclesiais.

         O livro do Êxodo é como uma bússola. Literalmente, este livro nos abre caminhos em meio ao deserto da vida. Durante o dia Deus nos acompanha com sua nuvem de sinalização divina. À noite, é uma coluna luminosa que marca o céu e nos aponta a direção correta a seguirmos para não nos perdermos. Com o pão, com a água e com sua presença certa, Deus sustenta tanto naquela época como atualmente, a caminhada do seu povo. O texto do tema: ‘passo a passo, o caminho se faz’ (Cf. Ex. 15, 22 – 18, 27) é sintetizado no lema: ‘aproximai-vos do Senhor’ (Cf. Ex. 16, 9). O objetivo desses textos é auxiliar as comunidades na evangelização e oração, animando-as para que se tornem evangelizadoras e formadoras de discípulos/as missionários/as do mestre Jesus.

         A Bíblia Sagrada é como um espelho. Quando a abrimos vemos nosso rosto e o rosto de nossas comunidades contemplados em suas páginas. Os textos do livro do Êxodo propostos para a animação bíblico catequética desse mês de setembro nos encaminham para colocarmos nossas vidas paralelas aos acontecimentos bíblicos estudados. O que encontramos nesses textos? A vida de um povo que liberto, como uma criança, tem dificuldade de caminhar. E as dificuldades não são poucas. São questões de ordem natural e desafios surgidos por causa da convivência humana. Nada de novo debaixo do sol. Mas, para a superação desses conflitos há a necessidade de uma vivência da fé assumida. Para tanto, é um caminho que se faz dando o primeiro passo. E na superação dos conflitos pela caminhada, novos desafios aparecem.

         O livro do Êxodo como um todo e estes versículos de modo especial são de suma importância para quem está cansado/a e tem dificuldades de enxergar horizontes claros, abertos. Para se realizar a travessia da escravidão à liberdade é necessário ousar e aprender que caminho se faz caminhando. E que as conquistas do dia a dia se concretizam nas lutas constantes. Em algumas somos derrotados, e recuamos. Mas, em outras vencemos, e avançamos. Tudo depende de onde colocamos a nossa confiança. A história do povo de Israel pelo deserto é o espelho que nos motiva a não nos deixarmos amedrontar pelos ‘Faraós’ e seus cavaleiros e nem a duvidar se Deus está conosco ou não. Só é importante não nos afastarmos do Senhor ao escutarmos os apelos diários que nos colocam na contra mão da vida  comunitária (egoísmo, prepotência, arrogância, mesquinharia, consumismo, competição, murmuração contra as pessoas, etc.). Isto pelo fato de ser fundamental o aproximar-se do Senhor (Cf. Ex. 16, 9) e manter-se em sua presença pela prática do amor e da justiça em favor dos mais empobrecidos/as da sociedade. A caminhada do Êxodo se concretiza no esforço de cada comunidade a superar as suas dificuldades dando passos de confiança no Senhor, mas, não se esquecendo de realizar a sua parte na construção desse projeto de vida em plenitude para todas as pessoas.